"Salitre, ó terra abençoada
Por Deus amada, querida fulgurante"
(Hino Municipal)
D
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e todo o hino de Salitre, a expressão “terra abençoada”
é a que melhor nos define – nós, esse povo de fé.
Assim previu o Padin Ciço ao professar, segundo a
gente de maior experiência, que Salitre havia de crescer muito e se tornar uma
cidade grande. E ele acertou em cheio porque para isso caminhamos, graças a
Deus.
Desconfie quem quiser, mas foram os cuidados do
Alto que nos trouxeram até aqui. Sim, porque nosso povo sobreviveu a toda sorte
de carências: carências materiais, dado que nossa gente, na sua quase totalidade,
não tem riqueza; carências naturais, pois que graças à localização geográfica
essa mesma gente enfrenta os dilemas da seca, grandes, porém menores que a
vontade desse povo de ser feliz com o bocadinho que tem.
Foi com fé que os primeiros habitantes, aqui
morando nas suas casinhas de taipa, plantaram mandioca. Com essa mesma fé
sustentaram a cidade, fê-la crescer para todos os lados. A mandioca, se por um
lado nunca enricou quem realmente trabalha, por outro lado jamais deixou homem
nenhum passar fome nem morrer de miséria, nem os maiores, nem os menores.
Com fé, e provavelmente muita fé, as primeiras autoridades,
lideradas por um homem, o Neoclides, acreditaram ser possível a liberdade, ser
um povo com vontade própria. Daí a emancipação política, uma luta que deve ter sido difícil, mas tornada
possível graças à fé do povo. Também com a mesma fé e a mesma determinação,
outros homens continuaram e continuam a fazer os feitos políticos.
Essa terra é realmente abençoada, porque tem
enfrentado muita coisa. E isso não é mérito de um, de dois ou de meio dúzia de
homens. Cada salitrense, a seu modo, tem
conquistado seu pão, sua farinha, tem sustentado sua família, tem enfrentado
suas dores, tem se esquivado dos problemas... Se isso não é bênção, não sei o
que é.
Independentemente da crença de nosso povo, católico
ou evangélico, é a fé que nos une e que nos faz caminhar para a frente. Isso porque
nós aprendemos, desde cedo, que sem Deus não podíamos viver bem.
Essa cidade, que agora completa trinta anos de
idade, era antes só vereda e mata. Antes aqui passavam tropeiros para descansar
por sob o tamboril grande; agora, as pessoas não só passam, ficam, porque
Salitre é terra abençoada, terra que a gente ama e quer bem. Por termos fé, não desistimos de acreditar que no futuro seus filhos terão oportunidades, não desistimos de desejar o melhor para nossos irmãos.
29 de junho de 2018
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