8 de março de 2015

Das tantas mulheres, uma eu não tive

No dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, penso no quanto uma presença feminina pode fazer falta na vida de uma pessoa. Eu tenho algumas frustrações e uma delas está relacionada diretamente a isso: é que, como muitas pessoas no mundo, eu não pude conhecer uma das minhas avós, a materna, que adormeceu antes mesmo de eu nascer, gerando a mim uma melancolia que, sem dúvida, não há de ser sanada nunca.
Não se pode comparar a perda de uma avó à perda de uma mãe, que é personagem mais forte em nossas vidas, ou melhor, personagem principal, por vezes determinante na vida de qualquer pessoa. Porém, eu tenho mãe, dessa alegria eu não fui poupado (devo dizer graças a Deus), o que a existência não me concedeu fora a outra avó, então, na minha constituição enquanto pessoa ficou uma lacuna irreparável.
Costumo, em meus momentos de reflexão, pensar que se a houvera conhecido construiria laços afetivos que não consegui construir com minha outra avó nem com meus avôs. Carência de afetividade, todo mundo sente um pouco alguma vez. Mas, tirando esse desejo afetivo, conheceria também uma outra filosofia de vida, outro modo de ser, sem dúvida diferente, uma vez que todo ser humano é ímpar. 
Lacuna maior ficou na vida minha mãe que, mesmo sendo mulher, viveu na pele  o que a falta de outra mulher, sua mãe, provocou na sua e na trajetória de seus irmãos. A começar pela separação da família, pois meu avô se casou novamente, sem assumir os filhos, que foram acolhidos pelos avós maternos. Além de perder a mãe, minha mãe ainda não teve irmãs, e já a vi dizer que sentia muito esse fato.
A mulher é a representação viva da sensibilidade, do amor incondicional. Na maioria das vezes depende dela, ou de quem represente esse papel, o sucesso ou não da vida familiar. Se um homem disse a seu filho pequeno: "Meu filho, não escute sua mãe", perderá seu temo, tão grande é a força da mulher, da mãe. E se um dia a vida de todas as pessoas se escusasse dessa sensibilidade feminina, não haveria caminho a andar, nada mais teria futuro algum.

8 de março de 2015