18 de novembro de 2013

As crianças são poetas

As crianças são poetas
Sempre tive a desconfiança de que as crianças são, por natureza, poetas. Não que escrevam versos, mas porque os objetos e seres mais simples da vida lhes despertam, desde cedo, interesse e lhes aguçam a vivicidade.
As crianças, de um modo geral -- como pedagogo e pai penso não estar mentindo -- deixam-se fascinar pelo que de mais singelo aparece em seu cotidiano. Um menino, em estado de descoberta, por exemplo, há de ter muita alegria se vir uma formiga negra passeando em meio a casa, se vir uma lagartixa correndo no teto, uma barata espantada e atrapalhada em um canto qualquer...
Quando se quer levar um pequenino a um passeio o nível de interesse por coisas simples e interessantes que a vida oferece pode ser ainda maior: uma boida que é tangida na estrada -- no caso das crianças nossas, nordestinas interioranas -- causa fascínio desmedido, ou um jumentinho solto pelas estradas, ou uma galinha que cisca, ou uma cadela magra.
E toda essa cena que a criança quer ver de perto faz parte de seu processo de descoberta, de seu mundo imaginário, sendo, assim, necessário para agregar sentido a sua vida. Esses instantes de poesia, dos quais a vida adulta é um pouco carente, enchem de vida a alma das crianças, poetas natos e aprendizes eternos.




18 de novembro de 2013