Coisa muito comum, no dia a dia, é
as crianças, sobretudo as menores, repetirem o que fazemos. Nisso vejo um pouco
de bom, dado que as boas práticas precisam de repetição, mas também há um pouco
de negativo, já que nem tudo que fazemos na nossa vida ora desordenada e
instável, é digno de exemplo. Fato incontestável, porém, é que os pequenos
procuram imitar o nosso passo, o que parece natural, seja ele bom ou
desastroso.
Meu filho, de dois anos e meio, quer
repetir as minhas ações, gestos, palavras etc. Ele quer descascar o ovo cozido,
quando o estou fazendo; quer pegar a própria água de beber, no momento em que
eu também bebo água; quer passar as páginas do livro de estórias infantis e ler
as imagens sempre que lhe conto essas estórias; quer ser meu professor quando o estou ensinando as letras do alfabeto. Até aqui, tudo bem. Mas o
menino, incapaz ainda de discernir certas ações, também repete as palavras
impróprias quando as ouve da boca de alguém, as brincadeiras deseducativas, os
gestos que nenhum pai de família deseja ver praticados por um filho seu.
Às vezes, contagiados pela alegria
de nossas crianças, incitamos-lhes a reproduzir comportamentos inadequados, o
que representa uma falha na nossa responsabilidade enquanto educadores. Noutros
instantes, quietas a assistir determinados programas, aprendem a repetir maus
ou bons movimentos que veem fazerem os personagens. As crianças estão propensas
a tomarem como exemplo tudo que percebem.
Isso de repetir toda e qualquer
ação, por parte das crianças, exige grande cuidado dos pais. Por um lado, se um
menino ou uma menina repete o feito de outrem mostra, pelo menos, que é ativo,
que tem iniciativa. Por outro lado, porém, está sujeito a se desvirtuar, pela
carga de negatividade que o ato de repetir imprime a nossas vidas.
Por isso, é preciso que se ofereça
aos pequeninos a oportunidade de repetição com correção, o que exige dos pais e
de outras pessoas com as quais convivem uma intervenção para provocar a boa
aprendizagem. Repetir por repetir, nesse caso, não tem nenhum fundamento
educativo. Necessário se faz que as crianças possam pensar sobre o que os
outros fazem para compreenderem quando repetir ou não aquelas ações. E se nos
faltar a coragem de tomarmos essa importante iniciativa frente à vida de nossas
crianças, as estaremos entregando à sorte e ao acaso. E todo mundo sabe o risco
que isso representa.
28 de
julho de 2015
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