4 de outubro de 2013

Tempos do "em família"

Tempos do “em família”

Antes dessa geração havia não sei o que de mais profundo no âmbito das relações familiares. Pode ser até que eu não tenha uma convicção certeira, mas penso que talvez as pessoas estivessem unidas num laço cujas fitas eram mais fortes que as de agora.
Há décadas passadas, havia momentos x em que as famílias procuravam reunir-se ou para saborear o feijão quente com torresmo, na tarde de chuva, ou para posar e tirar uma fotografia, o registro por excelência do parentesco e das afinidades. Eu, propriamente, por sobre a serra da cidade, vivi instantes grandiosos com os meus familiares, quer na hora de saborear a galinha caipira que a minha mãe preparava para nós, quer no momento de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceição, aos sábados. Momentos como esses não podiam ser feitos a sós, porque perdiam a graça ou se tornavam excrescência. E, ocorresse o que ocorresse, sempre deveria estar reservado o espaço para a reunião familiar. Permitia-se que o sujeito chegasse cansado da roça, mas não lhe era concedido deixar de jantar em conjunto. Permitia-se que alguém às pressas passasse para uma visita, a qualquer hora, mas essa criatura não podia ir-se embora sem tomar uma xícara de café, pois antigamente recusar uma xícara de café equivalia a cometer um crime.
Da mesma maneira era crime um filho ficar embirrado com os pais, fugir a uma ordem, dizer uma palavra que fosse ofensiva aos progenitores. Passou o tempo em que os pais se sacralizavam.
Isso não quer dizer que não houvesse as desavenças e a falta de entendimento entre os componentes das famílias. Existia, sim. Contudo, parece que se levava muito mais a sério a responsabilidade de fazer parte de uma família. Isso se media nas ações de companheirismo. A vida em família parecia aqueles contos regionalistas bonitos que a gente lê sem ter que se exaustar. Hoje, a vida familiar devia ainda ser esse conto bonito, e ser lido por todos. Devia também, essa vida familiar dos brasileiros, deixar de ser exaustiva.

02 de outubro de 2013

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