Sobre
ser pai
Nunca
disse nada a ninguém acerca da experiência de ser pai, porém não foram os
motivos que faltaram: só tinha que estar totalmente preparado para mencionar o
assunto, e isso exigia um pouco de espera... Não podiam sair palavras meras.
Ser pai
é o dom maior dentre todos os dons. Quem não gostar desse negócio de dom, posso
expressar assim: ser pai é a aprendizagem maior dentre todas as aprendizagens,
é o papel peculiar dentre todos os papéis, o papel principal de todas as
encenações.
Algum
filósofo mencionado por Moacir Gadotti já disse que o amor entre duas pessoas
se completa quando nasce um filho, e eis que é uma verdade pura. E não só o
amor entre um casal se completa, mas também o amor que, individualmente temos
por nós mesmos, e completa também o amor existencial que temos pelo mundo. Um
filho redimensiona nossa forma de existir.
Penso,
pelo que tenho vivido, que ser pai é a tarefa peculiar do homem. Um homem que
tem filhos é verdadeiramente homem. A grandeza de qualquer homem se resume
nisso: em ser pai. Claro que outros homens são também homens se não tiverem
filhos, mas homem mesmo é o homem pai.
Entretanto,
não se é pai à toa. O verdadeiro pai precisa considerar alguns atributos
essenciais: em primeiro lugar está a capacidade de amor incondicional ao filho
(um pai que, por um breve segundo, deixar de amar seu pequeno, estará pecando
contra sua própria natureza); em segundo lugar, o pai deve trabalhar a
afetividade em seu filho, procurando saber de suas aflições e ansiedades, bem
como aquilo que o anima e faz feliz; e em terceiro lugar vem a sua disposição,
também incondicional, para educá-lo, erudita e moralmente, dentro dos padrões
elegidos por si;
Ora
mais, ser pai é como ser filósofo. Não, é um pouco mais do que ser filósofo! Porque
um filho sara os arranhões que a vida nos dá, espanta as tristezas quotidianas,
traz de volta a vitalidade que em algum momento perdemos.
E que
fique esse recado, que a essência de ser homem resume-se à capacidade de dar
vida a outra pessoa, para depois tomar nova vida e coragem. E quando é que se
toma coragem e esperança para labutar no mundo? Quando vemos nosso pequeno
correr pela casa, rasgar um sorriso para nós, nos der um abraço, realizar o
primeiro gesto de amor, o primeiro balbucio. Se tivermos coragem de nos
sensibilizar diante disso, teremos a capacidade de realizar o papel de ser
homem, através da dádiva de ser pai.
10 de setembro de 2013
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBela reflexão! A presença paterna é fundamental na educação dos filhos! Infelizmente alguns pais delegam a educação dos filhos às mães! Eis que o ato de educar é uma missão tanto do pai quanto da mãe!
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