O comportamento mais difícil, dificílimo, de entender e
de aceitar é o daqueles que querem privar os outros de liberdade, que
acorrentam-nos em suas precariedades, forçando-os a viver molestados, que os
querem condenar sem dó nem piedade.
Quando digo “privar de liberdade” digo em sentido
profundo. Porque a carência de liberdade pode ocorrer quando me impedem de
falar ou de agir de acordo com uma vontade minha, se ignoram uma ideia que eu
tenho... Mas isso nem é um problema grave perto de outras privações. Mais
privados de liberdade estão aquelas pessoas que vivem cabisbaixas, violentadas
em seus lares, sem poder seguir rumo senão o da submissão. Sem liberdade, essas
pessoas confinam-se em seus cantos, amedrontadas, doentes, depressivas. Trocam
sua felicidade pela proteção dos outros, se sujeitam a tudo quando são
ameaçadas, punidas. Nesse momento só uma escuridão povoa as suas vidas.
E são muitas... Meu Deus, parece que é um número
infinito de mulheres que vivem agredidas pelos seus MACHOS, nessas cidades
pequenas, cujas leis parecem não existir. Nessas cidades onde a tradição
desgraçada acostumou as pessoas a se sentirem infelizes, incrustando em sua
natureza o temor, a aceitação da barbárie. Tradição decrépita que ensinou
também a muitos sujeitos a querer dominar os que vivem consigo, colocando-lhes
cabrestos com rédeas curtas.
Em troca de quê tira-se a liberdade de outrem? De um
capricho ou de coisa parecida. Não é preciso muito conhecimento para aceitar
que ninguém pode ser convertido em objeto de posse de ninguém. O sentimento de
posse é uma doença, uma praga. A erradicação desse mal traria alegria a tanta
gente. Eu precisei ter uma irmã carente de libertação para dizer isso? Não
precisei, embora isso me fortaleça a ideia. Me ajuda a mostrar que não invento
teoria, e sim escrevo baseado no que percebo, percebo e detesto.
Sartre tinha razão ao dizer que o homem está condenado
à liberdade. A grande pena é que essa liberdade salva a uns, mas desgraça e
condena a outros.
28 de abril de 2015
Infelizmente isso é a realidade!!! E entre as formas de violências, além da física tem a psicológica!!! E, assim vivemos acorrentados!!! Infelizmente...
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