10 de fevereiro de 2019

POEMA DE DOMINGO ------ Ninguém mesmo

NINGUÉM MESMO

Ninguém está livre,
por mais que queira,
de quebrar os dentes
e ficar banguela.

Não está nem estará 
livre de sentir uma
dor de dente
da gota serena.

E de noitinha
ter dor de ouvido
de soltar um gemido.

Quem comer mocotó de boi, 
em exagero,
não está livre de ir,
mais de uma vez,
ao banheiro.

Não se está livre
do beijo da abelha
nem da picada da
peçonhenta.

Ninguém está livre
do instinto animal.
Nem de, num golpe
de loucura,
confundir açúcar
com sal.

Ninguém está
livre de nada.
Nem mesmo de
levar uma topada
no barro e quebrar
os dentes.

Você está
numa estrada
e uma vaca pode,
por te confundir
com capim, correr
atrás de você. 

Um cão pode morder teu pé.
Um leão pode te assassinar.
Um burro pode te de dar um coice.
Você pode soltar um grito.

Qualquer um pode ficar sem emprego.
Qualquer um pode perder a vergonha.
Qualquer um pode amanhecer azedo.

Todo mundo está destinado a correr perigos.
Todo mundo fica velho um dia.
Não tem olho que não chore de tristeza.
Acidente, tragédia e fatalidade não escolhem gente.


Todo mundo vai até morrer.

Por isso... é bom deixar de bazófia.

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