Eu queria ser o menino
que a lua antes olhava
e para ela fazia versos
como para a namorada.
Para a lua eu contava
as coisas mais secretas,
das que germinam
o coração dos poetas.
Tinha algo inebriante,
não sei o que de mágico
que foi se embora
num relance, tão fácil.
Fico a me perguntar
em que céu a perdi,
a lua de antigamente
que queria toda para mim.
Tenho pena dos homens
que crescem de mais,
e que têm a lua no céu
Mas não a veem mais.
Tenho pena dos homens
que se banham em frieza,
incapazes de ver no céu
um pedaço de lua e ter firmeza.
Tenho pena de mim,
pássaro perdido a voar,
pena do que já perdi
por não poder me equilibrar.
Porque meu maior sonho
para o mundo é uma besteira:
sonho de, para maior alegria,
ser poeta a vida inteira.
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