Umas das experiências mais bonitas de que me lembro em pequeno, na verdade ainda jovem, era quando eu me sentava à mesa para rezar com minha mãe a sua novena de Nossa Senhora da Conceição. Isso acontecia,invariavelmente, aos sábados, na hora do ângelus.
Por essa razão, criei-me cristão, temente às forças divinas. Cumpri todo o ritual da igreja, batizando-me, fazendo primeira comunhão, crisma, me casando também. Como a cultura familiar me incentivou a ser cristão, é difícil, ou mesmo impossível, negar seus valores, muito positivos em minha trajetória como pessoa.
E hoje, pensando em tudo isso, escrevi um poema à santa de quem minha mãe é devota:
MADRIGAL
A NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Nossa Senhora
Da Conceição,
Que belo poder
De alegrar,
Da minha mãe,
O coração.
Ainda pequeno
Aprendi a rezar –
Mãe me ensinou –
Tua oração.
Sentava à mesa
E, de joelhos,
A vela acesa,
Pedia compaixão.
Eu pedia pouco
Sem desconfiar
De teu poder.
Nossa Senhora
De mãos gentis,
Nunca sentei
Para rezar
Sem poder crer.
“Ouve Mãe de Deus
Minha oração,
Toque em vosso peito
Os clamores meus”.
Nossa Senhora
Da Conceição,
Confortadora,
Nas noites difíceis,
Dos filhos teus.
Nossa Senhora
Da Conceição,
Minha mãe tem
No quarto
A santinha de oração,
protetora de vigília.
Nunca esqueço
Que minha mãe
Sempre Te pediu
O conforto para
nossa família.
Bendita és
E divina também
Por ouvires
Minha mãe
Sempre que
Fechava o livrinho
E dizia amém.
Nossa Senhora
A quem creio
E a quem quero bem.
Ao rezar, minha mãe o fazia pela nossa família, pelo bem dela, pela felicidade dos filhos, por uma vida sem tribulações. Essa atitude dela repercutiu em mim, tornando-se a base de minha vida.
Há uma tremenda desconfiança das pessoas em relação à religiosidade, quase sempre justificada pelo papel das igrejas no decorrer da história, voltado o corrompimento da doutrina cristã, quando procuraram ou procuram conciliar fé, poder e dinheiro.
Mas a religiosidade, não como instituição, tem uma serventia, uma função muito bonita, que em muito se parece com a educação, que é tornar as pessoas melhores, mais humanas. Isso a educação faz pela disseminação do saber, que não é suficiente. Porque não basta a uma pessoa ser profundamente inteligente para que também seja humana. É preciso também um valor complementar, e creio que a religiosidade (com igreja ou sem) auxilia nesse sentido, ao fazer com que os homens no mundo busquem um sentido para suas vidas.
25 de maio d 2015.